Hoje apeteceu-me escrever…
Não sei bem sobre quê… Porquê?
Senti uma vontade incrível de sair de mim, para poder correr por aí… Gritar:
- Sou Livre!
Não sei de quê?
Essa liberdade sinto-a desde que me senti ser.
No entanto a cada momento, a cada passo, corria por aí, iludida que a minha vida, nunca iria continuar.
Que a vida, me temia, e eu temia-a também. Medo de viver? Talvez.
Como é que se pode viver sempre no medo, aterrorizada com o dia-a-dia, como?
Sempre vivi assim… Sempre…
Um desgaste tremendo, um medo e um agradecimento por estar aqui.
Um sentimento de não merecimento, porque me refugiava, não sei onde, mas refugiava.
Usava uma força tão forte, onde me prendia e sufocava, numa energia negra, fria, no lado mais sombrio do meu ser.
Sabia que existia a luz, sabia que via a luz, mas pura e simplesmente, não era aí que vibrava, não era aí que ficava, não era.
Só quando a dor me apertava, o medo piorava, pedia ao outro lado mais iluminado, para me vir buscar.
Não vinha, mas dava-me um sinal, que me acompanhava nas horas mais difíceis, onde os meus olhos se perdiam, e ficava cega para tudo.
Falava vezes sem conta com a natureza, estrelas, árvores, e principalmente com a noite. Desabafava sobre tudo, principalmente sobre o tal medo de estar aqui. Ficava aliviada, acho, mas não tenho a certeza.
Isso não importa por agora, não vou perder tempo, com o que ficava ou não ficava.
Vou apenas deixar aqui, o relato de uns momentos, que hoje praticamente se explicam, e ainda para mais vivencio-os, quase uma vez por semana, ou de duas em duas semanas. Só na semana passada, me apercebi, do quão forte eles eram. Abri os braços ao céu, agradeci, comovi-me, o que em mim é difícil, ou melhor era difícil, porque achava que chorar, chorar era para pessoas fracas. Um julgamento impeditivo do meu ego, para não sentir qualquer emoção, ponto automático de bloqueio. Automatismos que se geram e alimentam ao longo da vida. O ego por um lado ajudou-me a não cair no ridículo do desespero, ajudou-me a erguer nos momentos mais dificeis, a ser forte para aguentar continuar aqui, e foi assim que aqui cheguei, que aqui me sentei neste canto de mim.
Neste pequeno cantinho, onde espelho um pouco o que vai dentro de mim.
Imagino tanto, iludo-me tanto, que a cada momento preciso parar, para poder sentir, abrir o peito e olhar lá para dentro. Quantas vezes apesar de cega, sentia, bloqueava, para não ver, e digo ver porque apenas queria, e mais… Querer ver…
Posse, um tormento absoluto, tudo pequenos pedaços de nada, hoje espremo e nada, nada sai.
Talvez apenas um pequeno momento fugidio do que não quero ser.
Hoje apesar do choque interior, senti que fugi de tudo, na verdade fugi do meu eu. Tinha que ter passado por aí, para poder vivenciar, conhecer e amar a minha própria essência.
26/10/2011
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