domingo, 31 de julho de 2011

Vida tão estranha...

Velozmente corre-se na rua

Apronta-se a saudade

De tempos já idos

De loucuras absurdas

Que se resolviam ali

Os momentos eram por ser

Não ficavam recordados

Ficavam ali parados

Para recordar

Dançava-se com par

Ou sem par

Dependendo da hora

Da ocasião… Outras melodias tocavam

Outras choravam…

Quando num abrir de olhos tardio…

Se acordava na solidão…

Amnésia profunda do ontem…

No entanto sorria-se

Mesmo quando a tristeza invadia

As manhãs…

Num local desconhecido…

Puxava-se pelo cigarro…

O resto…

Estava ao lado dum copo partido…

Um corpo arrastava-se ainda completamente perdido…

Ressuscitado na sua própria solidão.

31/07/2011

sábado, 30 de julho de 2011

Parte ... Ego...

Ouvem-se gritos
Acordo... Não me sentia adormecida
Como tenho andado distante!
Tão distante da realidade da vida
Nem noto o quanto ando adormecida
É preciso gritarem!!!
Abro os olhos e...
Não está ninguém
Ninguém...
Os egos estabilizaram
Ficaram adormecidos
O meu desactivou-se por um instante
Que pena... um instante
Tenho que agradecer
Porque nunca o tinha desactivado
Vivia acomodado dentro de mim
Soltou-se
Que bom!
Desapegou-se de mim
Deixei do alimentar
Como nunca reparei
Era como uma mãe para ele
Adorava tê-lo dependente de mim
Dava-me jeito
Sempre me deram jeito estas situações
Ou desapego para toda a vida
Ou apego-me para sempre... Sem instantes
Cada instante agora
É... um desapego.
Comodismo
Auto-convenço-me da minha transformação Interna
De que forma me deixo iludir!
Não quero viver mais na ilusão
Não...
O ego está aqui
Faz parte de mim
Adoro-o
Protego-o
Não o deixo crescer...
É um filho que alimento
Aquele que nunca quis ter
Por isso hoje sei o que é sofrer
Porque te perdi...
Ego...
Chegou o momento de te deixar ir...
Vai...
Não precisas do meu amparo...
Já não precisas de mim.
12/07/2011

Um rasgo de lua

Um rasgo de luz
Uma inquietação
Percorro ruas
Estradas desertas
Procuro sentir emoção
Perdida da razão
Vou...
Caminho...
Por entre a escuridão da noite
Reago à solidão
Como se voltasse a ser.
Por onde passo
Ficam rasgos de mim
De tudo onde me perdi
Para me encontrar.
Olho o céu
Contemplo-o
Abraço-o
Imagino a lua cheia
Entra em mim
Alquimia perfeita
Dirige-se ao meu coração
Ocupa o seu espaço
Respiro profundamente
Sinto o além êxtase
Alegria
Liberdade
A lua transforma-se em sol
Aquece-me
Protege-me
Para voltar a sentir
A libertação de um coração
Que afinal me pertence...
30/07/2011


terça-feira, 26 de julho de 2011

Prisão de vidro...

Tomei uma decisão, um pouco difícil, mas acho que poderei enquadrá-la numa decisão da alma.

Vivo numa prisão há alguns anos, uma prisão onde as grades são de vidro e no fundo não se vêm, sentem-se mas não incomodam. A prisão não tem limitações de espaço e eu criei as não limitações do tempo. Um erro, o maior erro que poderia ter cometido, mas que me serviu de aprendizagem. Que bonita aquela vida, sem grandes intromissões, a amar por amar, não ter o objecto que amava, mas apenas sentir a sua presença. Tão lindo, tão evoluído, tão independente. A alegria era tão forte, que a expressava fortemente na minha voz, na minha garra, na minha entrega a tudo e a todos.

Tens uma força incrível, és invencível, claro fechada naquele escudo de vidro.

O mais estranho é que sempre procurava, procurava algo, e só o fazia de certo por insatisfação. Tudo aparentemente acontecia da melhor forma, com um conforto, que aos poucos instaurava um desconforto, que pouco me importava. Isto era o que o meu querido ego imaginava, ás vezes tem o tamanho do mundo, mas a sorte dele foi estar fechado naquela cúpula de vidro, senão teria-se esticado, esticado, e se calhar já nem estaria aqui a escrever.

A prisão era segura, bonita, tinha tudo, só lhe faltava o principal, o amor, a entrega ao outro, a confiança e o mais importante a fragilidade. Nunca chorei externamente, mas internamente sofri, sofri vezes sem conta, e sempre a pensar que era merecido. Se não conseguia amar verdadeiramente, se o ser amado nunca existiu, porque nunca se mostrou, fui eu que me iludi, porque continuei ali tantos anos? Pelo menos sete anos.

Estava disposta a continuar, mas a minha alma entristecia de dia para dia, o meu olhar estava baço, e não conseguia saber quem verdadeiramente era. Voltei a ter vontade de partir, para o outro lado, ser empurrada para o abismo. Só que nessa prisão de vidro, existe uma protecção tão alta, tão alta, tão luminosa que nunca me cortou a conexão com a minha outra metade. Antes pelo contrário, fez-me sentido, porque dei por mim a trabalhar a minha essência, e por isso aqui estou. Pronta para mais desafios, para mais diálogos, que espero poder calar o meu lado mais violento, mais negro, porque na verdade eu quero viver uma vida que é para mim. A vida que é pra mim, depende das minhas escolhas, e pode não ser uma vida de descanso, rica, etc. Se aceitar tudo o que vier, deve pelo menos ser merecido. Acredito numa força, que me guia e orienta, e graças a ela tenho tido tantas ajudas. Infelizmente não consigo continuar a escrever, porque o choque que sinto, não me deixa continuar por agora.

Junho 2011


Ondas...

Estás triste?

Não alimentes a tristeza…

Reage à ilusão

Reage à solidão

Que tu própria criaste

Sente-a profundamente…

Como se fossem ondas que te levam e te trazem

Não te deixes enrolar por muito tempo

Na ondulação que tu própria geraste…

Nesse mar salgado

Flutuam recordações

Saudades de tanto e tão pouco

Sente na pele o frio do mar

Agora sai

Abre os braços

Grita com todo o fôlego que tens

Deixa-te ser

Repara que vem uma emoção

Suave

Suavemente

Alguém te ajuda…

Agarra-te e deixa-te flutuar…

Vais subir…

Vais voar…

Guiada por essa mão…

Agora sim…

Acabaste de sair da Ilusão…

Quem te guiou?

Quem sempre te amou…

Sim foi ele.

26/07/2011



Now We Are Free

Liberdade de sermos
Vivermos
Transformar-mo-nos
Voltarmos
A Reviver a felicidade
De soltar o que de melhor existe em nós...
Coração... Não te desgastes!
SOMOS LIVRES...
Emociona-te e vibra plenamente
Na sintonia do Universo...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pequeno escrito...


Corro atrás deste som

Desta leveza de corrente

Atrás do mais profundo

Do mais subtil

Que se sente internamente quando nos entregamos

Quando somos

Abrimos o coração

Entra a água e a corrente

Que nos eleva e nos trás

Que nos dá a Paz

Que me atira lá bem para cima

Onde o céu me acena

E diz: - Vem...

Estou aqui.

Sento-me na nuvem

A minha nuvem

Desprendem-se dos meus olhos

Umas lágrimas...

Do meu coração sai uma luz.

Chove na terra

Desço o arco-íris

E vejo-me ali...

De olhos fechados

A sentir a conexão que ficou

Entranhada em mim...

Por aqui...

Sou...

02/07/2011

Concretizar um sonho...


Dedicado a uns amigos muito especiais que me ajudaram a concretizar um sonho...

Acabei por descobrir

Que o sonho de ir

Foi deveras ultrapassado

Pela satisfação do concreto

Os ventos sopravam sem sopro

Como uma brisa que envolvia a magia

Da navegação

Os gestos eram suaves

Como que esperando algo diferente

Como que vinda do nada

Levantou-se a verdadeira ventania

Soprava como que vergando

Tudo o que apanhava

Fazia chiar o mastro

Fazia chorar a vela de comoção

Até que sem se saber porquê

Que não interessa

Ouve-se um barulho metálico

Desprendendo-se com um rumo veloz

Partindo um elo de grande ligação

A vela quase ía descansar

Ele ali estava para resolver

Quase sem tempo a vela acordou

Voltou a chiar ao sabor do vento

Sem preocupação com a maré

Um balançar

Por vezes forte

Levou-nos ao rumo

O local da partida

Com a chegada num mar azul e brilhante

A sua corrente acaba por arrastar

Para o sentir mais profundo de velejar

Nas águas deste mundo

Num mar

Que se confunde com a beleza do céu

Será por isso que são os dois da mesma cor!

O céu tem nuvens

O mar tem espuma

O céu tem estrelas, planetas…

O mar tem barcos e tem-nos a nós e o céu também…

A minha alma adormece e viaja para lá…

27/06/2011

1h30m

Lá ... bem no alto ... (Helena e Rui)



Hoje acordei

Agradeci estar aqui

Sonhei com a alegria de viver

Com a alegria de ser quem sou

Não fingir

Sinto os pés cansados de caminhar na ilusão

Todo o mundo de ficção

Acaba por se concretizar

Sinto-o como a verdade

Se a verdade existe?

Dar o coração

Entregá-lo á purificação

De ser quem realmente sente

Sente o que não é palpável

O que não é concreto

Mas é…

Nunca será tarde

Para abrir-mos os braços

Entrgarmo-nos à sensação da própria entrega

À sensação do amor incondicional…

Sempre sem medo

Sinto a vela que me ilumina

Levar o meu coração

Para a vela desse barco

Que me transportou

Uns momentos para a própria essência

Do que sou

Talvez ainda sem perceber a missão

Sentir o melhor que guardo no peito

Sentir a emoção

O brilho de um coração que nunca

Nunca

Será perfeito

Será que existe a perfeição?

Tenho a convicção e a certeza de que aceito

Afinal eu vi

A magia da lua ser a vela daquele barco

Iluminado e protegido

Pela energia mais pura do céu…

Subiu

Subiu … e navegou…

Na mais pura protecção.

27/06/2011

10h05m

Fui





O Horizonte levou-me

Deixei-me levar

Uma experiência sem palavras

Vivi sem estar aqui

Fui para ali voar

A sensação mais bela

Mais simples

Leve

Voei

Voei

Subi e sofri

Porque a dualidade manifestou-se

Ir / Ficar

Para o céu ou outro lugar

Abrir o coração

Para não me deixar ficar.

11/04/2011

“Teatro de Sonho”


Um palco

Um chão repleto de sabedoria

Um ciclo que se abre

Um momento tão louco de fantasia

Vestes que nos pertencem

Rapidamente se despem

Uma frase que nos tocou

Que se aloja em nós

Para nunca mais esquecermos

Quantas vezes nos agarramos a ela

Como uma bengala

Em momentos tão especiais

Como aquele que marcou

Sente - se uma vibração permanecer

Quando nos emocionamos

Quando nos elevamos

E saímos daqui para lá...

Vem dar-nos uma bela lição

Contar uma história

Não só de amor

Mas simplesmente de gratidão.

Este é o teatro que nunca pisei

Que nunca concretizei

Mas que me tornou actriz de coração

Não preciso de palavras

De textos decorados

Preciso apenas do conhecimento

Da entrega

Para tornar este pequeno momento

Numa grande imensidão

Amo o teatro

Começo a amar o ser que o veste

Começo a amar

Tudo aquilo que não me deste...

Porque é difícil dizer abertamente que o meu amor se libertou.

Amo o teatro

Porque me deu tudo aquilo que eu sou....

Feliz ou não

Que importa...

Partimos do mesmo guião

Entregamos as palavras ...

Elas são o que são ...

Só palavras .

24 de Abril 2011

Voar

Quando te sentes leve

Deixa-te ir

Percorre sem medo a leveza do caminho

Mesmo que não exista caminho visível

Está lá

Sente-o

Cada bocadinho

Cada momento

É um pedaço de sensação

Abre-te ao Mundo

Solta-te

Deixa-te mesmo soltar

Agora vive

Chora

Ri

Porque há sensação melhor

Que voar?

Medita

Se tiveres vontade de gritar

Grita

Seja o que for

Sente e solta

Sente-te muito mais leve…

E vai…

Continua…

03/07/2011

Lá em cima

Subi

O cimo da montanha

É de uma calmia

Uma beleza

Avistei o céu

Tão perto

Tão lindo

Tão tranquilo

Inspirei o ar

Senti-me renascer

Expirei e vi-te

Sim

Uma luz que me envolvia

Varria a dureza do que sou

Do que não pretendo ser

Contemplei o sol

Tentei agarrar as nuvens

Inspirei e expirei

Sentei-me

Para adormecer…

Adormeci embalada na luz

Estava ao teu colo…

Jesus…

03/07/2011

Um barco



Um barco

Um mar

Agita-se levemente

Quando o vento sopra

No fundo desse mar

Vê-se um tesouro.

Quem o terá deixado ali?

Terá sido perdido?

O que terá dentro?

Alguém o conseguirá abrir?

Qual a chave?

Onde estará escondida?

O barco continua o seu rumo

O vento continua agitado

Deixando uma brisa leve

Mergulho

Entro nas ondas frias

Gelam-me os membros

Como num sonho

Deixo-me ir ao fundo

Que fundo?

O do mar

Ou o teu?

Paro sinto uma sensação diferente

Como se percorresse o corpo

Me aquecesse e ao mesmo tempo

Me guiasse

Agarro aquela caixa

Encosto-a a mim

Abraço-a

Como se me pertencesse

Como se já a tivesse perdido.

O medo de não conseguir

Começa a dominar-me

Tremo de frio

Tremo de emoção

Tremo porque me descontrolei

Entraves

Obstáculos cruzam-se no caminho

Sinto-me presa no lodo

Coloco os meus pés no fundo

Do mar

Fico presa

Olho lá para cima

Sinto a energia que me envolve e me domina

O tesouro começa a mover-se

A abrir-se

Sem chave?

Grito indignada

Eis que uma luz

Se apodera de nós

Aquece poro a poro

Ilumina o meu corpo

A minha alma

Sinto-me repleta de amor

Como uma vela que se acende

E fica para sempre guardada

Na memória do nosso ser…

23/03/2011

Momentos

Brincava

Jogava à bola sem bola

Corria descalça no mundo

Sentia-se renascer…

Olhava o mundo espantada

Com a alegria da pequenada

Sentia-se crescer…

Correu momentos fugazes

Sofreu por causa de rapazes

Deu por si a viver…

As forças e a coragem fugiram

Esgotou a paciência, novos horizontes se abriram

Deu por si a sofrer…

De repente uma luz se soltou

- Já não sou o que sou!

Voltou de novo a crescer…

Quando cresceu

Ninguém a compreendeu

Não quis mais sofrer

Voltou de novo a renascer…

Uma nova porta se abriu

Deixou-se ir e entrou…

A porta não se fechou

Só ganhou alegria de viver…

04/04/2011

Amor por revelar



Invade-me às vezes

Só às vezes uma loucura tremenda

A coragem desvanece

Sinto tristeza por não conseguir dizer-te

Transmitir-te

Que habita no meu coração um sentimento

Tão profundo

Tão sentido

Tão sofrido…

Bloqueei – o desde que ele se apoderou de mim

Sinto um sorriso quando te vejo

Um sorriso tão profundo

Que nem o consigo manifestar

Tenho medo de te contar o que mora dentro de mim

Já não sei fingir

Já não consigo fugir

Faltam-me as forças

O amor é tão simples!

Para os outros…

Este sentimento é o limite do meu ser

Do meu sofrer

Porque me magoa

Atraiçoa …

Porque tenho medo de te perder

Nunca te tive

Ridículo…

O medo da rejeição

Da tua rejeição

O não aceitares este sentimento tão singelo…

Guardo este segredo no meu peito

Há tanto tempo!

Sempre disfarçado

Com uma máscara de ilusão…

Tão fácil era só tirá-la

Abrir a porta do coração e deixar o amor manifestar-se

Dizer que te amo há tanto tempo

Que me ajudaste a crescer…

Que me sinto renascer desde que te conheci…

O amor veio e ficou

Abraçou-me

E perdeu-se no tempo que o inventou!

Amar-te!

Rejeitar-te!

Quando sinto que seria tão feliz…

Amar é partilhar o que hoje está separado…

Amar é ter - te e não te ter ao meu lado …

12/04/2011

Batem sons na rua

Batem sons na rua
Protestam olhares sombrios
Refinam imagens passadas
Ando vagabundo por ser
Por chegar ao fim
No meio de tanta dor
Consigo alcançar o sol
Que nasceu em ti
Refeita da viagem
Que nunca existiu
Faz parte do passado
Do mágico que morreu.
Uma mão acena no vazio
A Mente mente por fim
Ilusão óptica talvez
São sombras intensas
Que se confundem
E se diluem no ar da rua.
Deserta agora.
Ando sem ver
Sem alcançar o dia
Estou feliz por estar
No fundo do Coração
Perdido do Universo
Pedaços de pó
Sem razão…

2001-05-03

Passo

Não ponhas o pé aí
Podes magoar o ritmo do teu caminho
Não sonhes que o sentes
Porque sentir é ter algo mais
Talvez um sentido
Ou dois
Que importa o que tenho
Senão piso por aí
As tempestades aproximam-se
Tenho receio por ter
Também ando por andar
Qual a diferença
A rua é outra
O ser é a mesmo
Pois é!
Se ao menos pudesse iluminar o meu horizonte
E olhar o céu
O mar
O chão
Mas não posso
Porque tenho medo
Receio não ter forças
Vergo-me perante a consciência do Mundo
Devia erguer os olhos e ver
Que tudo está perdido
Quando não nos encontramos
Quando não sabemos o que somos
Quem somos
Pára! És tu! Sim.
Não te rias
Porque se puseres o pé aí
E olhares para ti
Podes sentir o sonho de partir ou ficar
Dentro de ti.
E deixa de te pisares assim.

Lisboa, 3 de Maio de 2001

Lua Cheia no Meu Mar

Às vezes oiço o mar…

Reparo que está tão longe!

Sinto o seu rebentar…

O seu falar…

Que me adormece num pequeno sonho

Como um colo cheio de luz

Nesta noite de lua cheia…

Sempre tive medo dela

Sempre me senti “estoirar” internamente

Nas noites de luar

Principalmente quando a lua está no seu momento crucial

Mais Yang

Como sofro com a sua energia!

Vejo e oiço

O mar dentro de mim

Que se transforma num fogo ardente

E de repente dou por mim a chorar

Como se me viesse à mente

Uma lembrança

Um sentimento nunca visto

Mas já vivido…

Esqueci-me quando

Queria saber…

Sempre quis

Para quê?

Transforma o momento?

Não!

Deixa de racionalizar!

Sente

A água percorre as tuas veias

Enche-as de ilusão…

Ilusão!

Aceita…

Não consigo!

És sensível … não és tão forte quanto aparentas!

E agora …

Despida de tudo o que me alimentava…

Quem sou eu?

A minha essência.

Aquela que me acompanha

Porque habita dentro de mim…

Olho lá para cima…

Brilham estrelas…

Já as conheces …

Quantas noites as contemplaste?

Quantas…

Aquelas em que não conseguias dormir

Porque te consumias com a imaginação

Apelidavas de Real,

Nem sequer tinhas a humildade

De perceber que o Real, é o oposto.

Ouviste?

É o espelho do mar…

Onde habita a lua

Aquela que já abraças

Que te aquece os braços

De tanto alargares esse abraço…

Pois é!

Esqueci que hoje é noite de Lua Cheia…

Inspiro fortemente e adormeço.

18:55

19/03/2011

Em branco...

O que procuras?

O desespero apodera-se do teu ser

Fraco, cansado pela ansiedade que te criaram

As lágrimas secaram numa fonte de saber e conhecimento

Deixaram um toque suave no caminho que percorreram

Nunca chegaram a crescer...

És a fortaleza que te mascaram

És a fragilidade

A sensibilidade que jamais conseguiram destruir

Busca a profundeza do teu ser

Escava!

Mergulha nas trevas que já conheces

Não tenhas medo...

O medo não existe...

O medo foi criado por ti

Não o podes alimentar...

Aos poucos ele transforma-se ou morre.

Depois de escavares na lama negra que te fizeram acreditar que existe dentro de ti

Rastejares sem força para te ergueres

De teres mascarado o teu ser

De não saberes nada

Achares que sabes tudo!

Chegou a hora de te entregares...

Sente o corpo flutuar

Sente a mente integrar a leveza

O azul do céu

O verde da natureza

O calor do sol

A beleza que te criou

Entrega-te a essa força criadora

Deixa-te envolver

O teu coração anseia por isso

O teu coração tem amor incondicional

O resto não é teu, não és tu...

Preciso da tua luz

Da tua força

Preciso de ti

O que velava não pode ser meu

Não me pertence

Quem te trouxe para dentro de mim?

Que sinais recebi...

Que foi que fiz?

Vivo a sombra da minha essência,

Fujo constantemente de mim...

Porquê?

A vida é uma harmonia de sons

De saberes ancestrais e de amor

O fogo que arde dentro de ti não queima

Não magoa

Ajuda-te a expandir e a seres feliz

A sentires o êxtase...

Agora abre os braços

Entrega-te ao mundo...

Atira-te...

Chora, chora de pureza e libertação...

Porque já não procuras!!!

O que procuravas? Eras tu!

Tu és uma parte do universal...

Uma partícula do mundo

Uma pequena pétala do amor que nos une...

Uma alma sem limites...

Uma subida para ali...

Onde as pérolas brilham...

Esse é o fim...

E nasces...

Cresces...

Sonhas e voltas para aqui...

Para ao pé de mim...

No pulsar que nos une...

Num verbo que nunca foi pronunciado...

Não é preciso.

Tem que ser sentido...

No teu coração.

Como um pássaro livre

Correm crianças na rua

Antigamente podíamos correr à vontade

Sem medos

Num ambiente familiar

Era tudo tão simples

Era tudo tão real

Hoje tudo mudou!

Talvez não tanto quanto se sente

Mudou-se…

Quase não nos olhamos

Quase não nos conhecemos

Quase não damos por nós

Sempre atentos aos outros

Sempre a culpar os outros

A destruir o seu esforço…

Mais um dia ocupada

Sem tempo para nada

Sem tempo para viver…

E o dia acabou!

Como um pássaro livre

Que alguém trancou.

Noite em branco

São cinco horas da manhã

Uma hora intragável neste meu sofrimento

Se ao menos o sono me acompanhasse

Só que nem isso consigo

Estou na mais insustentável solidão

Apetecia-me sair por aí

Abraçar a multidão na noite vadia

Ganhar a sua energia

Para me sentir melhor

A noite faz-nos tristeza

A noite é silenciosa e negra

Aqui neste quarto fechada

De luz apagada

Nada consigo enxergar

A não ser as imagens

Que a minha mente doente vê

Que loucura!

O passado era diferente

Este presente de vida nada me diz

É como se eu morresse aos poucos

Sem vontade de conquistar o amanhã

São cinco horas da manhã

O sol ainda não quer nascer

Talvez se nascesse fosse melhor

Para este meu ser sombrio e só

Abro a janela

Reparo que hoje nem sequer há luar

Nem oiço os pássaros cantar

Nada

Mesmo nada

Daqui a pouco o dia vai surgir

Passei a noite sem dormir

Tenho de ir trabalhar

Que posso fazer

Para tudo isto mudar?

Nada

Mesmo nada?

Porque são cinco horas da manhã

Continuo acordada

À espera de algo que não sei o que é…

Passar uma noite em branco

É cansativo

É macabro

Porque tudo se torna ridículo

Neste quarto vazio

Sem vida e sem luz

Vou trabalhar

Tenho que ir

São cinco horas da tarde

Sinto-me cansada e sem forças

São quase horas de partir

Regressar a casa

Deitar-me e apagar a luz

Se ao menos conseguisse dormir

Descansar faz-me tanta falta

Foram cinco horas da manhã

Nem sequer dei por nada

Acordei de luz apagada

Com o sol a bater na vidraça

Consegui descansar!

A solidão de certo já passa …


Lisboa, 24 Outubro de 1997

Procuro-te

Onde moras?

Há quanto tempo te perdi

Ando por aí Procuro o teu paradeiro

Banho-me nas águas profundas da imaginação

Trepo barreiras de sofrimento

Escalo montanhas que nunca conheci

Não te encontro…

Choro lágrimas de despedida

Partiste sem aviso prévio

Meu coração é a própria solidão

Que procuro

Lua cheia de mágoa

Nem tu me acompanhas

Para que o alvo perdido

Se torne na seta do achado

É um vazio que sinto

Que tento preencher

Com sonhos de loucura

Para a minha dor entreter

Onde estás?

Escondida ou não

Aparece no meu espírito

Deixa a tua marca

Crava-te novamente

Neste pobre coração

Sim! É a ti que procuro!

Desde o dia que partiste

Deixaste-me a sofrer

Todo o meu ser vive triste

Onde estás inspiração?

É a ti que quero encontrar

Diz-me onde moras?

Para eu poder entrar.

Lisboa, 23 Janeiro de 1997