Tomei uma decisão, um pouco difícil, mas acho que poderei enquadrá-la numa decisão da alma.
Vivo numa prisão há alguns anos, uma prisão onde as grades são de vidro e no fundo não se vêm, sentem-se mas não incomodam. A prisão não tem limitações de espaço e eu criei as não limitações do tempo. Um erro, o maior erro que poderia ter cometido, mas que me serviu de aprendizagem. Que bonita aquela vida, sem grandes intromissões, a amar por amar, não ter o objecto que amava, mas apenas sentir a sua presença. Tão lindo, tão evoluído, tão independente. A alegria era tão forte, que a expressava fortemente na minha voz, na minha garra, na minha entrega a tudo e a todos.
Tens uma força incrível, és invencível, claro fechada naquele escudo de vidro.
O mais estranho é que sempre procurava, procurava algo, e só o fazia de certo por insatisfação. Tudo aparentemente acontecia da melhor forma, com um conforto, que aos poucos instaurava um desconforto, que pouco me importava. Isto era o que o meu querido ego imaginava, ás vezes tem o tamanho do mundo, mas a sorte dele foi estar fechado naquela cúpula de vidro, senão teria-se esticado, esticado, e se calhar já nem estaria aqui a escrever.
A prisão era segura, bonita, tinha tudo, só lhe faltava o principal, o amor, a entrega ao outro, a confiança e o mais importante a fragilidade. Nunca chorei externamente, mas internamente sofri, sofri vezes sem conta, e sempre a pensar que era merecido. Se não conseguia amar verdadeiramente, se o ser amado nunca existiu, porque nunca se mostrou, fui eu que me iludi, porque continuei ali tantos anos? Pelo menos sete anos.
Estava disposta a continuar, mas a minha alma entristecia de dia para dia, o meu olhar estava baço, e não conseguia saber quem verdadeiramente era. Voltei a ter vontade de partir, para o outro lado, ser empurrada para o abismo. Só que nessa prisão de vidro, existe uma protecção tão alta, tão alta, tão luminosa que nunca me cortou a conexão com a minha outra metade. Antes pelo contrário, fez-me sentido, porque dei por mim a trabalhar a minha essência, e por isso aqui estou. Pronta para mais desafios, para mais diálogos, que espero poder calar o meu lado mais violento, mais negro, porque na verdade eu quero viver uma vida que é para mim. A vida que é pra mim, depende das minhas escolhas, e pode não ser uma vida de descanso, rica, etc. Se aceitar tudo o que vier, deve pelo menos ser merecido. Acredito numa força, que me guia e orienta, e graças a ela tenho tido tantas ajudas. Infelizmente não consigo continuar a escrever, porque o choque que sinto, não me deixa continuar por agora.
Junho 2011
Expressas-te de uma forma, Lurdes, que até arrepia...Muito bonita, a tua decisão, e a tua exposição. E Café del Mar é sempre aquela maravilha...Abraço apertado.
ResponderEliminarVá, toca a escrever um livro :-)
ResponderEliminarVá, toca a não deixar de dizer e de escrever o que vai na alma.
Vá toca a ser Fragil quando for caso disso
toca a ser forte quando assim for.
Lindo texto! Gostei mesmo muito.
xicoração
Obrigada pelas tuas palavras...
ResponderEliminarUm livro!!! Lol só tu para me fazeres rir...
Que bom que é ter amigos que acreditam em nós e nos animam. Que bom que é estar aqui e receber comentários. Responder a tanto elogio é difícil.
Que bom que é ter amigos que escrevem tão bem... Vamos escrever um livro juntos... Que tal a ideia???
Um grande beijo
Obrigada Olinda pelas tuas palavras. Estou um pouco preocupada, porque já não encontro palavras para comentar tanta felicidade e tanta alegria que estes meus amigos me dão. Agradeço a tua amizade, pois nunca a poderei esquecer porque ela é de uma sinceridade tão forte, que muitas das vezes sinto-a vinda de uma eternidade libertadora. Como se tivesse sido vivenciada numa outra dimensão mais bela e mais sensível, que esta própria realidade. O que é esta realidade!!! LOL
ResponderEliminarUm grande abraço
Friendship is Magic
ResponderEliminarPara todos os meus amigos comentadores aqui deixo um vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=qdsgiA0yLLs
Obrigada por existirem...
LOL
LOL
LOL
yesssssssssssssssss
Adorei a verdade, a sensibilidade e fragilidade das palavras. Revi-me nestas palavras da alma. Quando encontramos caminhantes da alma, sentimos mais aquele calor no coração, mais alegria e lágrimas, pois o amor que vem de dentro e lá do alto inunda-nos em mil particulas de luz..
ResponderEliminarUm abraço de luz..
E Obrigada pela partilha..
Obrigada Sara pelas suas palavras... Fico muito feliz... Quem diria que nos cruzamos, caminhamos em sintonia, e de repente, quando é chegado o momento, nos reencontramos, guiadas pela luz. Quantas vezes sentimos solidão, porque achamos que caminhamos sozinhas... E uma das grandes alegrias e ao mesmo tempo espanto, foi termo-nos encontrado ali... e aqui... Que bom partilharmos e frequentarmos a essência que nos guia. Nos alumia numa caminhada de saber ancestral... Um grande abraço
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