quarta-feira, 28 de março de 2012

Vou... com medo de voar...


Andava no
limite
De tudo e todos
Desafiava sem transparecer
O Desafio em si
Fugia de tudo e todos
O seu mais intimo desagrado violentava-a.
Amava por amar
Sem profundidade
Sem vontade de se manifestar
A razão era a sua fuga
Era o seu ego magoado
Nunca gostou de se perder
Porque temia sempre encontrar-se
Corria sozinha por ruas
Becos
Pedaços desarticulados
Que habitavam em si
Essa forma de não viver
Isolava-a do melhor de si
Qual melhor?
Nunca sequer a viu
Pensava...
Tudo o que pensava
Está a desabar...
Olho-a numa figura espelhada
De medo e alegria
Ao longe tenho vontade da repelir
Escondo-me por trás de paredes
Que já não existem
Que nunca existiram
Precisamente neste momento vou estar ali
A conversar com as palavras da alma
Talvez oiça ou não
Nunca se sabe o que nos alimenta
O que me atormenta às vezes puxa-me
Para lá onde não me identifico
Nunca tive identidade
Nunca usei a maldade
Que pensava ser...
Porquê?
Estás parada sombra da loucura
Encostada a mim para quê?
Diz-me!
Dá-me respostas!
Exijo tanto...
Tanto...
Nunca tinha sentido
Nunca tinha nada
Vivia a minha própria negação de existência...
Sem perder sinto uma dor profunda de perda
Uma tristeza que não alimento
Sinto...
Forte...
Desde o primeiro respiro
Que mora em mim
Uma memória subtil desse sofrimento
Isolada a um cantinho de mim
Muito escondido
Libertava lágrimas contidas
Uma a uma
Para não se notar
Para não as sentir
Escorriam quentes
Soprava-as para arrefecerem
Rapidamente
Não as quero mais em mim
Não mando
Escolho...
Sem convicção
estou viciada na fuga
Ressaco-a...
Volto a viver
De olhos abertos
Despertos
Amedrontados...
Vou correr por esse rio
Mergulhar...
sem saber se algum dia vou emergir de mim...
Aqui
Ali
Olho o azul do céu...
Sinto o seu calor
O seu aconchego...
Noto que perdi o medo...
Porque sei o que sou
Onde estou
Já não dá para fugir...
Sou sensível...
Abro o peito e estou a sentir... a sentir...
Sentir-te é ter a plenitude neste microcosmos
Que me ajudou a identificar com o macro do amor...
Com que me tens acolhido...
Tudo está a ser sentido...
Será?
Estás aqui
Sinto...
Fecho os olhos...
Tens a tua cabeça encostada ao meu peito...
Sinto o teu amor... Universal...
Abre-se uma espiral bem no alto de mim...
Voo...
Sem asas... Vou...
Adormecer nas tuas...
Leves
Brancas
Asas que me iluminam por saber que afinal
Tenho uma grande casa
Dentro do meu coração...
Descanso...
No balanço da tua energia...
Uma vibração tão leve...
Tão alta...
Vou...






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