quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Vivência sem era...



Vejo um teatro
Dentro de uma vitrina
Que se esconde num pequeno retalho de papel
Onde se encontram parafusos desconectados
Onde moram seres afectados
Pelo complexo da ilusão
Uns pontos de imensidão
Escondem-se na ponta do paredão
Gritam ameaçando
Recomeçar o mundo do equilíbrio
Aquele que existiu num começo
Se houve um começo
Também haverá um fim
Haverá um pouco de lembrança
Que salvará o mundo de esperança
Acredito na conexão teatral e revigorante
Num sol radiante
Que entrará em cada coração
Como que um nevoeiro que se formou
Num mar sem fundo
Repleto de moralidade
Até que se inunda de uma atmosfera libertadora...
Chegou a hora de dar pancadas
Não as de Molière
Mas as pancadas vibratórias
As pancadas repletas de Amor incondicional
Liberdade
Porque estás em mim
Leva-me para o fim da fantasia
Da alegria
Socorre-me do medo que me atormenta
Sofro
Choro
Porque sou diferente
Igual a tanta gente
Só tenho medo de sentir
Porque acordei com a sensação
De ter sido traída
Não sei por quem
Talvez por ti.

16/03/1946








2 comentários:

  1. Não tenho palavras. Não tenho palavras! Não tenho palavras! Isto é único, maravilhoso, transcendente... É o que acontece, sim... quando deixamos de ser nós próprios para entrar em cena. Depois de entrar, o que é que se passou? Nem quando saímos do palco nos lembramos... Talvez vagamente nos lembremos. Emprestámos o corpo e por momentos sincronicidade e completa partilha com o Universo. É realmente extraordinário... As minhas palavras são NADA para descrever o que senti e ainda sinto depois de ler estas palavras.

    ResponderEliminar
  2. Quem não tem palavras sou eu. Obrigada do fundo coração... Ouvir isto de um actor como tu, é incrível... Sabes que o teatro para mim é tudo... E acabou por não ser nada real... Mas a ligação está cá... Bem dentro de mim... A sincronicidade que existe entre o que contas e o que imagino é incrível mesmo.
    Um gd beijo

    ResponderEliminar