terça-feira, 30 de agosto de 2011

Pietá num papel...

Às vezes imagino-me
Um Miguel Ângelo
A traçar frases com uma caneta
Trémula e insegura
Que esculpindo um pouco
Do que flutua no sentimento
Me leva aos maiores caminhos de abertura
O traçado foge
O traçado finge
O traçado é guiado
Cada veia daquela pedra
Cada sinal que ficou
Deixou uma leitura universal
Uma abertura de canal
Para quem de facto amou
A sua obra
A sua criação
Esta sua é a dele...
Imagino ou vejo?
Ando confusa!
Sem distinção
Não faz diferença
Sinto tantas vezes
A energia da sua presença
Como que me apoiando a mão
Guiando-a por linhas e linhas
Que se alinham
Num caminho circular
Onde saltam umas luzes fugazes
Como uns flashes
Que se repetem
Reflectem uma luminosidade
Que se entranha em mim
Fundindo-me no céu...
Não sei
Não racionalizo
Apenas sinto
Acontece
Fico horas a olhar
A sentir
O deslizar da caneta...
Acabo por adormecer de cansaço
Deixando um traço ao relento...
Acalma-se o pensamento
Agradeço ...
Acordo pouco depois
Com a sensação da mão dele no meu braço...
O cansaço esse desvaneceu...
30/08/2011








2 comentários:

  1. Um verdadeira poeta. De alma. Parabéns. Sempre muitos parabéns.

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  2. Obrigada pelas tuas palavras. De Alma se dizes é porque foi... Mas poeta... até lá chegar falta muito... talvez um dia quem sabe...
    Um grande abraço

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