domingo, 16 de setembro de 2012

Resgate, o barco que achei...





Estava a ver um barquinho que navegava sozinho. Perdeu os seus tripulantes e procurou novos viajantes para se poder regenerar.

Embalou-se nas aguas calmas do mar, onde se sente apenas o bater suave das ondas. Mostrou-se a si próprio como se fosse o espelho da transformação. Foi mesmo um sopro de ilusão, para passar a amar, quer a cor que lhe desenharam, quer a rota que lhe traçaram.
Andava por aí a admirar o céu. Achou-se preso por um cabo, um pouco arrojado, mas frio e terno na perfeição.
O barco era de madeira, é ainda de madeira empobrecida pelo sabor do tempo e das tempestades que nunca passou. Era um recanto de beleza, hoje transformou-se num piso triste e sombrio, porque deixaram do cuidar.
Enquanto passeava encontrei-o, olhou para mim, olhei para ele, ficámos à espera do primeiro pensamento. O meu foi: Que bom estares aqui para te poder admirar e concentrar-me nos teus traços.
Porque me olhas assim? Sou um barco abandonado, pois o tempo ultrapassou-me e já não sou moderno, veloz, bonito e seguro.
Gosto de ti por seres antigo, por teres sido bonito e acima de tudo foste e és o porto de segurança de tantas fantasias e de tantas loucuras inacabadas. Por tudo isto e muito mais barquinho, imagino os teus remos como braços, que têm a experiência única de abraçar o mar.
Quem me dera ser como tu, assim...
Livre,
Flutuante,
E vazio...
Vou enche-lo de mim e de ti...
Mar azul e céu azul...
Onde poisam redes de vida...
Resgate de uma vida, de uma lua e de um sol ...
Azuis
Amarelos
Brancos
Transparentes de luz...



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