Sinto-me estranha com tanta situação a mudar, com faíscas que se atenuam e nunca chegam a lançarem-se.
Estou à beira de um ataque de nervos, como diria o Almodôvar!
Só que perdi os nervos e enterrei-me no meu próprio lodo azul...
Há dias que nasce em mim uma indecisão de permanecer ou correr por aí...
Preciso das memorias do passado, para me sentir, para existir aqui...
Sentir um percurso atribulado, mas iluminado de saberes e dissabores que violentei ao longo de retratos de vida...
Hoje poderia contar uma história de amor...
Reencontrei-me com o passado, com o presente...
Abri e li histórias que não eram minhas, mas que acabavam por sê-lo.
Senti a luz de cada raio de pintura, de cada arte que me envolvia, dentro de mim crescia a curiosidade de amar a vida.
Reconheci-me por dentro...
Vou chorar... Já volto...
Tive a ilusão durante anos, que ninguém me compreendia, percebia... Mera ilusão, não era única, vinha com um traçado, meio iluminado, para me poder encontrar um dia espelhada num meio de recordações.
Não era única, não sou única... Sou o que sou...
Um pequeno fado de Coimbra, uma pequena peça de Limoge, closoné, madeira talhada à mão, um livro sublinhado à minha maneira, mas que nunca me pertenceu. Marcado por setas, rabiscos, e letras esvaídas na penumbra de um dia eu ter sido assim.
Agora que faço?
Agarro cada recordação como se tivesse sido vivida aqui, abraço a compreensão da vida e parto com a alma repleta de amor...
Esqueci que sou daqui e que continuo, porque tinha que continuar...
Num dia inesperado, abri o coração e fui... Cada pedaço era intenso é como se tivesse pertencido a uma mãe que tive um dia...
Pela primeira vez fui...
Entreguei-me à sensação de ser assim...
Sentir o pulsar do meu próprio coração, olhar o céu e sentir uma estrela de luz...
Sem comentários:
Enviar um comentário