A minha essência tem cor... Descobri há bem pouco tempo, que se apagava aos poucos... Resolvi conversar com ela, senti-la e pedir-lhe se me ajudava... Não me respondeu. Fiquei triste... Continuei triste... ela ria-se, ria-se... Não me ajudas! Não me respondes!
Já um pouco no seu extremo, disse-me: Já me sentiste? Já? Se me sentires e deixares de me ouvir... Escutarás a voz do coração... Ela tem razão, muita razão... Vou entregar-me à emoção...
Era assim que era feliz
Desafiando o fogo
Era como se me transformasse nas suas chamas
Era essa a alegria que sentia para viver e continuar
Caminhos quentes e fugazes
Era este desafio de ir em frente sem olhar a nada
Que me trouxe até aqui...
Na mais cruel vivência
Perdida de tudo e todos
Caminhava tropega
Louca por chegar àquelas chamas e me envolver
Era uma fagulha que se transportava ao sabor do vento
Eram essas rajadas de loucura que me faziam emergir da escuridão
Aquela que me envolvia porque a procurava obsessivamente...
Foi este fogo que me ajudou a escrever
Tenho fogo
Sim, muito fogo em mim...
Assim ditaram os astros no momento em que nasci...
Hoje bem direccionado...
Sou feliz...
Eternamente grata...
A ser assim...
Louca...
Que seria de mim sem essa loucura que herdei...
Estaria pasmada...
À espera do tesouro caído do céu...
Isto se algum dia olhasse para cima...
Cega mas leal...
A tudo o que vibra fugazmente aqui...
Às vezes quando o desespero se apoderava de mim
Quando a esperança desaparecia
Sumia-se por tanto duvidar
Por tanto desejar partir...
Pensava que a verdade era a partida
Partir com sinais de outros tempos
Outras eras que nem sequer conhecia
Só sei que sofria por vitimização...
Imaginava o céu perfeito
Mas não para mim...
Tentava imaginar um céu de outra cor
Para aquelas que como eu não se enquadravam em nada
Em nada mesmo...
Sonhava acordada pensando no reencontro
Com almas fabulosas de saber
Experiências vivenciadas por motivos idênticos
Era essa semelhança que me chamava e arrastava para o abismo da incerteza...
O incerto talvez fosse a liberdade
Fosse o meu lugar
A minha felicidade...
Acordar todos os dias de manhã quando dormia
Isso acontecia raramente...
E pensar:
- Quem me vem visitar ou acompanhar para comunicar comigo?
Partilharmos momentos de céu
Ou de loucura?
Mas ao menos que a identifiquem
Que me aceitem tal e qual sou
Estou num momento de perfeita solidão...
Vou encontrar uma alma gémea que me estenda a mão e me arraste para a vida...
Precisamos de incentivos em certos momentos caóticos...
Só não percebia que estavam dentro de mim...
Passava dias e noites a chorar às escondidas
Pensando que era filha do nada...
Acreditando na tua existência...
Até hoje...
E quando um dia fechar os olhos para sempre
Vou agradecer-te tê-los abertos para ti...
A Natureza prolonga-se além de tudo
Manifesta-se voluntariamente
Humildemente aceitamos a sua grandeza
Se lhe fazemos frente
Caímos no ridículo
A natureza é a natureza
O Universo é o universo
Nós somos pequenos seres que viemos aqui
Porque alguém nos criou
Formou
Quisemos vir assim
Respeitar a grandiosidade do céu
Das montanhas
Da vida
Trás-nos a verdade
A realidade da loucura
Com que viemos
Sem sermos certinhos
Somos pedaços de imaginação
Como furacões mudamo-nos internamente
Sentimos a luz do sol
O calor da vida
A leveza da mudança
Tanto somos crianças velozes
Como nos falta o impulso para caminhar
Arrastamo-nos ao sabor dos outros
Devia ser ao sabor dos sinais
Ao sabor das ordens reais
A realidade não é como a vejo
Como a invento
É como a vivêncio
A sinto internamente
Cada emoção é um rasgo do que sou
Fujo dela tantas vezes
Porque este meu eguinho é um controlador
Que ao ser controlado se revolta
Deixando-me de novo a controlar
O Universo
A sua força
A sua natureza
Tão subtil
Tão doce
Que para viver
Basta apenas abrir o peito e sentir
Permitir-se sentir
Rumo a favor da natureza
Da natureza que sou
A essência que habita aqui...
Em mim...
Eu vi um anjo pequenino
Brincando num trilho imaginário
Sonhava na natureza que o anima
Estava a vibrar de céu
Não perdia um momento
Agradecia o estar aqui e lá
Tinha umas asas brilhantes
Grandes
Muito grandes
Quando as abria parecia flutuar ao mesmo tempo que voar
O levava
Tinha um rosto ternurento
Uns olhos azuis brilhantes
Como gotas de água que se vão amontoando
Dentro dos teus olhos
Mas o mais bonito
O mais leve e puro
Era um coraçãozinho que guardava no seu peito
Feito um tesouro do céu...
Sabem o que aconteceu?
Foi esse o presente que ele me deu...
O Tesouro do seu coração.
O amor...
Agora suspiro de alivio
Porque o sinto em mim
Como um sinal de luz...
Uma luz em mim...
Vou-me encostar às suas lembranças
Para nunca perder a esperança e poder continuar aqui...
Hoje acordei com a minha costela tradicional portuguesa a dar guinadas
Daquelas guinadas chatas que vão incomodando com a mudança do tempo
Realmente estamos noutro tempo
Que também me trás muita sabedoria
Esta nostalgia de hoje trouxe-me lembranças
Sou de Castelo Branco
Morava num andar muito grande e tinha como vizinhos
A família Pereira
Ora o Sr. Júlio Pereira meu vizinho tocava acordeão
Era o padrinho e tio do artista Júlio Pereira do cavaquinho
Acordava de manha com uma toada lindíssima
Imaginava-o a tocar
Aquele articular dos dedos
Com tanta destreza e sabedoria
Mal eu imaginava que destreza e sabedoria eram as palavras que mais usaria hoje em dia
E que tento transmitir aos alunos que passam na minha vida
Eram tão lindas aquelas toadas
Populares mas tão belas
O Sr Júlio devido à sua idade faleceu
Ainda eu estava a estudar em Lisboa
A sua esposa a D. Firmina ainda está viva
Já não mora na casa mas está num lar
Porque não tinham filhos
Acho que só sobrinhos
Os meus pais foram forçados a vender a casa...
Mas ainda estas férias senti a musica entoar no meu coração...
A D. Firmina tinha três nomes próprios
Foi registada em três lados com nomes diferentes:
Carminda
Franscisca
Firmina
Nunca vou esquecer a musica do Sr Júlio
E deixo aqui a musica do sobrinho
Júlio Pereira também...
Como manda a tradição...
Espero que estas guinadas de costela portuguesa abrandem...
Porque já me falha a memória...
A canção da meia praia, tem uma historia muito importante na minha vida, foi lá que conheci um dos grandes amores da minha vida, se assim posso denominar, não quero regressar a esses tempos, porque não me apetece...
O fado foi meu cantar
Quando te amei mais que nunca
Mais do que ninguém
Nasci fora do fado
Mas sinto-me dentro dele
Como se me fosse amputada uma parte de mim...
Quando não o oiço
Percorro as ruas de Lisboa
Imagino aquelas ruelas cheias de pranto e dor
Entoadas por vozes puras
Tradicionais
Cheias de Pureza e saudade
Desde muito nova que me sentia em casa
Quando ouvia aqueles fados entoados pela Amália
Não sei se gosto assim tanto da Amália
Só sei que o entoado
Me trás à vida...
Nunca sei bem do que gosto
Porque amo demasiado o pranto português
As lágrimas dos pescadores
Os triunfos desejados dos navegadores
As ruínas que ficaram fossilizadas dentro de mim...
Ando em busca de vozes doces
Que me relembrem quem eu fui...
Noutra era...
Noutras Severas por tabernas fechadas pelo tempo
Gritos de mágoa por não te poder trazer dentro de mim...
A sede de um copo de amargura...
Somos um povo de mar...
Para o mar...
Na ceifa mareante de azul...
Próximo vídeo, Maria Severa...
Foi assim a ouvir este fado, nas ruelas de Lisboa que mais o apreciei. estávamos em 1987, ouvia-o muitas vezes na voz do Nuno da Câmara pereira, essa versão não consegui encontrá-la. Deixo aqui esta...
Tenho saudades daquelas caminhadas na mouraria, onde cada pedra parecia entoar uma canção de Amor...
Também o ouvi vezes sem conta no Bairro Alto, mas não é igual, não é mesmo...
Quando era pequena imaginava as minhas orações
Como pequenas histórias feitas à minha medida
Uma medida imensa que me transportava para ali
Imaginava-me a crescer rápido
Para me ouvires mais nítida
Como se chegasse melhor ao céu
As minhas palavras pequeninas entoavam ali no azul puro e inocente...
Eternamente.
As minhas preces eram de paz e amor
Eram de poder passar sem estudar
Eram de te poder ter sempre comigo
Pedindo a felicidade que apenas merecia
Nunca suplicando o impossível.
Era de uma crença muito grande
A minha avó ensinou-me a amar-te
Ensinou-me a rezar pequenas orações que ainda hoje guardo
Mas não chegou
Nunca chegou
Sempre fui uma eterna insatisfeita
Procurando a perfeição
Para que me pudesses aceitar como era...
Nunca me penitenciei por nada...
Nunca me perdoei
Porque nunca me vi fazer nada intencionalmente para te atingir
Apenas me atingia a mim...
Talvez fosse e seja igual...
A minha pequena honestidade trouxe-me até aqui
Porque sempre que posso falo contigo
Vejo-te em cada recanto...
De olhos abertos
De olhos fechados
Pouco importa
Estás aqui...
Aqui... Agora podes escutar-me melhor...
Só te peço que me protejas nessa tua bolha de luz...
Porque às vezes parece que cego
Vejo um pouco de escuro e corro para lá...
São emoções bloqueadas
Dias e noites indesejada
Porque o ego me perturbou
Sempre achou...
Hoje mando-o calar...
Ou que vá passear por outras terras...
Porque eu habito lá em cima...
Estou aqui de passagem...
Preciso aprender a crescer...
Para mais tarde saber...
Que dedicar-te palavras não é preciso...
Escutas-me melhor quando falo contigo...
Pelo coração...
Que bom que é sentir-te...
Tens me demonstrado tanto...
Tanto...
Que nem me contenho em tanta abundância...
Sabes como uma macieira cheia de maçãs...
Em que para me saciar só preciso de uma...
E fico sentada de baixo dela
Na sua sombra a contemplar a tua beleza.
Às vezes sentia-me assim... Nada disto correspondia à minha realidade exterior, mas internamente sentia-me assim...
Existem cordas que vibram em mim
São especiais
Transparentes que me prendem inutilmente
Porque reparo que dentro de mim
Se forma e concretiza uma força
Uma luz que me leva daqui para aí
Onde se sonha e se arrisca sem nunca ganhar
Sem nunca perder
Apenas se busca a essência do ser
Amar e relaxar
Sem posse
Sem nada de loucura
Apenas a natureza celestial
De alguém que partiu e pediu para voltar
Nunca conseguiu manifestar o amor
Nunca se esqueceu de amar
Um dia esse seu próprio dia vai chegar
Quando o Universo se abrir para eu poder dançar...
Ir correndo para lá...
Não preciso de pista de dança
Porque aprendi a voar e a dançar no Céu...
Transparente
Azul e pleno de ar fresco
Murmurando a razão de se respirar...
Respiro
Amo
Sou assim...
Irreverente...
Valente?
Não essa parte é mera ilusão...
Como posso contar o que estou a viver?
Estou de braços abertos a sentir-te a apaziguar a minha dor
Uma dor serena
Uma dor bela
Uma dor de transformação
Estou prestes a voltar
Depois de ter estado ali contigo
Em conjunto com os meus amigos
Ensinaste-me a ter tolerância
A amar o nada e o tanto que se transmite
Ensinaste-me a olhar para o Cristo-Rei e senti-lo
Conhecer a sua mensagem
E interiorizá-la
Sentir cada nuvem a atravessar o universo
Cada gota de chuva integrava uma experiência de vida
E o vento?
O vento a transformação interior
Remando e louvando a existência
Como velas que sentem o seu rumo
Precisam apenas de um sinal para continuar a navegar
Belo é subir
E permanecer ali a flutuar num ambiente por ele proporcionado
Numa troca de amor
Mesmo quando o teu corpo não aguenta
Pensas tu...
Estás ali a sentir o cansaço da experiência
Há coisas que nos marcam
Nos traçam um ritmo e um segredo que só as palavras de amor
Podem compreender
Estou prestes a renascer
Apesar de já o sentir
Mas estive num outro lugar
Não sei qual
Só sei que muito especial
Estive Contigo...
Num ritual de amizade e reintegração...
Este sim é o caminho do coração
A via que Louis Claude transmitiu...
Nunca mais vou ser a mesma desde a semana passada
Nunca mais...
Porque hoje estou a voltar de lá...
Sinto-te a sorrir e parece que já vejo
As cores do arco-íris a voltarem
Vou escorregar através delas e deixá-las ir...
Está na hora de regressarem...
E só me apetece cantar: Amazing Grace...
Lá em cima é tudo tão lindo e tão sereno... O céu é mágico... A liberdade é mágica... Estou a sentir essa magia em mim...
Fantástico... Sinto-me crescer... Quebrar barreiras tão subtis... Como esta linha limitadora do blog...
Acabei de ver um filme, depois de muitos filmes, tenho estado em reflexão... Aliás o corpo pediu-me para parar, escutei-o antes dele ter o colapso final.
Há pouco senti que tinha que ter muito cuidado. O que é parar? O que entendes por parar?
A primeira resposta que me apareceu, foi: Parar é não fazeres nada.
Pois é, aí é que está o ponto de equilíbrio... É saberes o que é parar, não é abandonares tudo e ficares na inércia.
Inércia não é o vazio. O vazio tem movimento, o movimento para te encontrares.
Sentei-me ao computador, liguei-o, desliguei-o de imediato.
À minha volta reina a confusão. Vou de férias e a cada regresso não arrumo as malas. Nada... Há pouco queria arrumá-las e desatei a transpirar. Como se representasse uma situação a ser revivida de novo. Não é nova... É uma memoria...
Estou a remexer-me sem me poder movimentar completamente. Estou a descansar...
Tenho saudades dos meus amigos... Tenho saudades dos outros tempos... Tenho saudades de mim...
Há pouco mergulhei em Avalon onde nunca tinha estado... Vou ficar por lá umas páginas...
Quando voltar estarei igual ou diferente, isso pouco importa... O que faço para me manter fiel à minha essência?
Esta sim é a minha grande proposta, o grande desafio que a vida me está a propor. Não é fácil, mas é possível... Respeita-te...
Vais voltar a poder caminhar, a sentir o que é o verdadeiro caminhar da tua alma aqui na terra...
Sinto uma alegria interior., como nunca senti até hoje. Estranho ou melhor diferente de todas as emoções que senti na minha vida. A qualquer verso, a qualquer musica, sinto um despojar de sensações e sinto uma vontade de chorar. Além de sentir vontade, choro mesmo. Faço um esforço para controlar mas não funciona. Estas férias sofri transformações inexplicáveis, transformações interiores profundas e ainda não as entendo e nem sei se algum dia as entenderei. Só sei que sinto.
Estou a escrever e tenho os olhos alagados de água salgada, como se estivesse a navegar e devo estar mesmo.
O meu coração quer desprender-se e eu aperto-o violentamente e não resulta. Suspiro e o peito desprende-se e sente a profundeza da emoção. Estou um pouco aflita, porque me faltam palavras para explicar sentimentos tão reais. Procurei textos de outros escritores e não encontrei. Esses textos deviam transmitir o que eu não consigo, mas não encontrei, devem ter sentido o mesmo que eu. Talvez exista um fado, mas não me lembro de nenhum que fale de uma dor alegre, que se manifesta num nevoeiro inesperado, que transparece a clareza e a leveza de se amar e respeitar o mais profundo do céu.
Aos poucos soletro vocábulos que se unem (como aqueles desenhos de números que se unem e forma-se um boneco), uma amiga falou-me nisso como exemplo, e agora estou a ver e a sentir. Tudo encaixa, porque é ditado e não está a ser manipulado pela força da razão.
As lágrimas fervem de dentro de mim, saltam em pulos loucos de emoção, e vão cair num pequeno recanto de mim. Estou a contemplá-las para sentir a sua beleza e não as censurar e secar rápido, para ninguém ver.
Quero continuar aqui a esgotá-las e a amá-las, como os navegadores amam as suas caravelas. Porque se não fosse o leito do Tejo e a harmonia de um barco, não estaria aqui como estou. Sensível e feliz...
A chorar...
Realmente às vezes procuramos e não encontramos, e um amigo que só pode ser especial, relembra-nos que existe uma cena como esta, bela, calma, profunda que expressa a beleza de um grande momento, um saco que baila, só, reportando em simultâneo um rol de emoções. Deixo aqui esse momento. Pois os vídeos servem-nos para relembrar momentos reais, vividos em tempos reais, já fora do tempo...
Aqui Fica:
E finalmente quando se desfaz um nó, aparecem sinais de desprendimento e emoção... Yesssssssssssssss
Encontrei a musica que expressa tanto do meu sentimento...
Hoje relembro com saudade o dia de hoje,
Sinto uma alegria brotar de dentro do meu peito...
O que ontem se apertou também se libertou, ao acreditar em ti...
Sabes que a vida dá-nos alegrias inesperadas e experiências que julgamos falhadas, mas que apenas nos trazem outra forma de viver...
Ou melhor outra forma de gostar de viver...
Em tempos já idos, quando os descobrimentos nos trouxeram a lembrança de factos heróicos, deixaram marcas de amor incondicional e de entrega absoluta ao céu...
Ao partirem deixavam para trás uma vida absoluta de amor...
Sinto essa entrega absoluta de amor...
Sinto-a hoje aqui dentro de um recanto que estava encerrado a sete chaves...
Dentro de mim...
Não é lembrança...
Não, não é.
É mesmo real...
Sinto vontade de chorar...
Não de tristeza, mas sim de saudades vossas...
Amigos incondicionais do céu...
Desse mesmo céu onde brilha uma estrelinha que nunca conheci mas que a sinto internamente...
Por isso estou aqui a chorar de saudades dessas lágrimas que me trazem a lembrança de uma luz que nasceu e permanece lá em cima...
Estava à pouco a relembrar e senti umas lágrimas a desbravar por rostos perdidos e vencidos... Percebi que era o meu rosto a deixar-se banhar, pela água salgada... de um mar já navegado...
E senti mais uma gota a cair...
E mais uma...
Gotas sem fim, onde navegam charcos pequeninos de outras eras a saltar...
Regressei diferente...Muito diferente.
Sinto-me cada vez mais feliz por acreditar nos teus sinais...
Por ter amigos como tenho e sentir-me nas nuvens cá em baixo...
Não vou contar o que se sente...
Não consigo.
As palavras são vazias para expressar o que um coração sente.
Só sei que regressei muito diferente...
Em plenitude...
Sentindo a tua luz em cada olhar...
Em cada batimento do meu coração.
O porquê não sei...
Só sei que gosto tanto de ti JC...
Só sei que tenho razões para viver, muito fortes...
Estou prestes a realizar um sonho...
Daqui a pouco saio de saco na mão e mochila. Roupa quente e também roupa fresca. Espero que o tempo seja propicio para a viagem.
Não me posso queixar de nada, tenho tido a boa fortuna de ultimamente os meus sonhos se concretizarem. Deixei de me lamentar e entrego-me a Ele. Desde que me comecei a entregar tenho recebido grandes dádivas. Uma das maiores dádivas tem sido a amizade. Sou tão difícil em fazer amigos, mas quando os faço ficam para a vida. Tenho amigos para a vida, logo a minha vida tem que ser feliz.
São amigos para todas as ocasiões, e todas as ocasiões são poucas para estar com eles.
Sabes Deus, tenho tido vontade de correr e agradecer ao Universo ser tão nosso amigo. Nunca tinha percebido, aliás achava-me desprezada pelos teus braços e só há bem pouco tempo, percebi que isso era amor, para me deixares crescer e perceber, a grandiosidade que tudo é.
Hoje estou repleta de fé, rendo-me a tudo e aí vou flutuando e emergindo de dentro de mim.
Vou saber quem de facto sou... Além de me ir descobrindo, vou-me apercebendo do quanto se deve aproveitar tudo o que vida nos dá. Somos da vida, Somos...
Espero voltar com novas histórias para contar e fica sabendo que és tu que me vais ajudar a contar.
Porque estás comigo sempre e tenho que confiar...
Acordei e recebi uma mensagem do meu amigo e irmão de sempre muito bonita. Hoje sei que é um dia especial. A nossa vida cruzou-se e transmutou-se de mãos dadas. Já brincámos noutros tempos e nestes tempos dei por mim a andar de trotinete, a saltar no tampolin e ser tudo o que resta de mim.
Criança a navegar num barco à vela de papel...
Ter o céu como céu...
E o resto voltarei aqui...
Andei na escola primária do Castelo... Que ainda hoje se mantém igual.
Todos os dias lá subia a rua do Relógio, encontrava a minha amiga Liliana, e lá íamos as duas.
A minha professora ensinava muito bem, era uma professora à moda antiga, mas o que é certo, é que se aprendia. Chamava-se Alta Roxo, já faleceu. Quando a minha mãe lhe disse que eu ia para direito, ela disse que eu não devia ir, porque era muito sincera. Tinha razão, mas não acreditei na altura. Ela conhecia-me muito bem. Às vezes tenho saudades desses tempos. A minha professora transmitiu-me muito bem a língua portuguesa, por isso sempre fui apaixonada por literatura.
Os anos passaram e nunca mais a vi, há uns anos soube com tristeza que ela já tinha partido...
Sinto saudades mas nunca a esquecerei.
Eu não sei como era, sempre fui um misto, tanto tinha a loucura dentro, como era certinha. Um dia às escondidas saí da escola e fui à sede do PCP, pedir um autocolante. A minha família era toda de direita e eu também sempre fui, mas naquele dia pequenina, deu-me para aquilo. A minha avó era a minha grande companhia, ajudou-me a criar (como diz a minha mãe), um dia por engano votou no PCP e andou uma semana a chorar, porque não sabia ler nem escrever e enganou-se a pôr a cruz. Nós brincávamos com ela, e ela só chorava. Parecia que tinha cometido um crime, e na sua razão de ser sentia-se uma traidora. Fui educada na verdade, em muitas verdades, que hoje não acredito, mas a educação de base é aquela que ainda hoje sigo.
A minha escola está igual, mas os anos deram-me sabedoria e amadurecimento. A rua está linda, o local e arredores ainda vivos como se fosse naquele tempo.
Pequenina, muito pequenina lá ia... O mais engraçado é que nunca gostei de estudar... Por obrigação...
Sempre estudei nas vésperas... Quando andei em direito não resultou... Ainda bem...
Hoje sou feliz porque faço o que gosto... Com amor, o mesmo amor que a minha professora tinha pela sua profissão...
A semana passada quando percorri as pedras da calçada, ainda consegui sentir os meus pés pequeninos, a subir para a escola, com vontade de voltar para trás. Lembrei-me vivamente da minha tragédia a aprender a tabuada... Nunca gostei das contas para nada... Mas as palavras ainda hoje as oiço, a ainda hoje vibro com elas... Quem me dera ter a minha professora outra vez, para me transmitir sempre o respeito e a amizade que tinha por nós.
Que bom que é sentirmos que somos amados por quem nos ajuda a crescer...
Fotos foram tiradas por mim:
Rua do Relógio
Praça Velha (onde me encontrava com a Liliana)
Rua do Castelo (rua da minha Escola Primária)
Ao lado direito o muro da minha escola
A minha escola
A minha escola
A minha escola
Em frente à minha escola, o Museu Cargaleiro (construção recente)
Museu Cargaleiro, edifício inaugurado mais recentemente.
Praça Velha, aqui era a prisão, depois biblioteca e em baixo a cruz vermelha (onde levava injecções)
Rua do Relógio, com a torre do relógio.
Rua que percorria para ir para a escola
Rua do relógio
Ao final do muro um toldo amarelo, era aqui a papelaria do Sr. Raul, a papelaria Ramalho, onde eu comprava tudo.
Este video tirei-o do Youtube, para se ver a torre do relógio:
Na minha terra senti-me voar...
Senti-me voltar a sentir o que era em criança...
Estou com vontade de chorar
Porque sinto que me perdi por longos anos...
Há pouco sentia saudade
Uma saudade profunda dos meus tempos de fuga...
Ao fugir não fui...
Por não fugir voltei...
A minha cidade é de facto tudo o que sonhei...
Ao voltar os sonhos voltaram a acordar e sinto-me a despertar por aí...
Exalando a saudade que ficou em tempos achados...
Num mundo perdido...
Amo a vida!
Faz sentido hoje...
Ontem não...
Fui de férias e estou de regresso...
Foi tão bom voltar às origens! Desta vez resolvi ir e sentir o que é ser Albicastrense... Ser o que sou...
Não nasci naquele local por acaso... Não pode ser. Somos influenciados pelo universo que se encarrega de nos orientar... A sua oferta é sempre generosa. Aceito-a...
Estou no autocarro a escrever e a reflectir sobre tanto...
Fui feliz e infeliz ali... Fui o que fui... Porque carregava esse peso? Porque fingia que não gostava? Para ser forte, mas não sou. Verdade, não sou mesmo... Sou frágil...
Hoje senti desprenderem-se lagrimas enquanto partia. Fez-me relembrar à 25 anos atrás. Era assim, vinha, passava o fim de semana e regressava a Lisboa, para a universidade, para o trabalho, para a vida... Para a via.
A sensação de chegar à terra Natal é incrível... Sente-se o cheiro, o ar, a vida, o céu... Abre-se o coração e subimos... Eu pelo menos subi...
Cheira a Castelo Branco... Abre-se o vidro do carro... Põe-se a mão de fora e sente-se... E verbaliza-se: Já chegámos...
Respira-se fundo. O coração bate tranquilamente... Agora já posso ir...
Como se fosse um desejo...
Um ritual...
Não choro por Lisboa... Reparo nisso agora mesmo! Mas choro por ti...
Algo acontece intrinsecamente...
És a Lurdes jóia? Sou...
Sou a tua amiga que foi para a Holanda à 29 anos...
Amália, és tu...
A vida foi dura, mas nunca a teria voltado a encontrar, se não regressasse à rua onde vivi...
A minha terra está linda... Sempre foi linda... É linda...
Tenho lá a minha família... Tenho lá as origens... Um dia Hei-de voltar... Vou voltar...
Sou de lá... Não sou de Lisboa, eu achava que era... Não sou...
Sempre que acho que sou de algum sítio, nunca sou...
Daqui a 1hora, chego a Lisboa...
Depois Alcabideche...
Vivo lá...
Só...
Gosto muito...
Mas sou de Castelo Branco...
Sou feliz por ser daqui.
Sou feliz por estar aqui...
Sou feliz!