domingo, 12 de agosto de 2012

A escola do Castelo onde andei...



Andei na escola primária do Castelo... Que ainda hoje se mantém igual.
Todos os dias lá subia a rua do Relógio, encontrava a minha amiga Liliana, e lá íamos as duas.
A minha professora ensinava muito bem, era uma professora à moda antiga, mas o que é certo, é que se aprendia. Chamava-se Alta Roxo, já faleceu. Quando a minha mãe lhe disse que eu ia para direito, ela disse que eu não devia ir, porque era muito sincera. Tinha razão, mas não acreditei na altura. Ela conhecia-me muito bem. Às vezes tenho saudades desses tempos. A minha professora transmitiu-me muito bem a língua portuguesa, por isso sempre fui apaixonada por literatura.
Os anos passaram e nunca mais a vi, há uns anos soube com tristeza que ela já tinha partido...
Sinto saudades mas nunca a esquecerei.
Eu não sei como era, sempre fui um misto, tanto tinha a loucura dentro, como era certinha. Um dia às escondidas saí da escola e fui à sede do PCP, pedir um autocolante. A minha família era toda de direita e eu também sempre fui, mas naquele dia pequenina, deu-me para aquilo. A minha avó era a minha grande companhia, ajudou-me a criar (como diz a minha mãe), um dia por engano votou no PCP e andou uma semana a chorar, porque não sabia ler nem escrever e enganou-se a pôr a cruz. Nós brincávamos com ela, e  ela só chorava. Parecia que tinha cometido um crime, e na sua razão de ser sentia-se uma traidora. Fui educada na verdade, em muitas verdades, que hoje não acredito, mas a educação de base é aquela que ainda hoje sigo.
A minha escola está igual, mas os anos deram-me sabedoria e amadurecimento. A rua está linda, o local e arredores ainda vivos como se fosse naquele tempo.
Pequenina, muito pequenina lá ia... O mais engraçado é que nunca gostei de estudar... Por obrigação...
Sempre estudei nas vésperas... Quando andei em direito não resultou... Ainda bem...
Hoje sou feliz porque faço o que gosto... Com amor, o mesmo amor que a minha professora tinha pela sua profissão...
A semana passada quando percorri as pedras da calçada, ainda consegui sentir os meus pés pequeninos, a subir para a escola, com vontade de voltar para trás. Lembrei-me vivamente da minha tragédia a aprender a tabuada... Nunca gostei das contas para nada... Mas as palavras ainda hoje as oiço, a ainda hoje vibro com elas... Quem me dera ter a minha professora outra vez, para me transmitir sempre o respeito e a amizade que tinha por nós.
Que bom que é sentirmos que somos amados por quem nos ajuda a crescer...

Fotos foram tiradas por mim:


 Rua do Relógio

Praça Velha (onde me encontrava com a Liliana)

Rua do Castelo (rua da minha Escola Primária)

Ao lado direito o muro da minha escola

A minha escola 

A minha escola

A minha escola

Em frente à minha escola, o Museu Cargaleiro (construção recente)


 Museu Cargaleiro, edifício inaugurado mais recentemente. 

 Praça Velha, aqui era a prisão, depois biblioteca e em baixo a cruz vermelha (onde levava injecções)

Rua do Relógio, com a torre do relógio.

Rua que percorria para ir para a escola

Rua do relógio

Ao final do muro um toldo amarelo, era aqui a papelaria do Sr. Raul, a papelaria Ramalho, onde eu comprava tudo.





Este video tirei-o do Youtube, para se ver a torre do relógio:



7 comentários:

  1. Adorei o teu texto. E as fotos!!! A menina pequenina leva jeito para a fotografia.
    Beijo da tua amiga
    Lena

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    1. Obrigada Lena pelas tuas palavras...
      A máquina nova estreou-se assim, quem diria na minha terra natal, de onde fugia sem saber bem porquê há uns 20 anos atrás...
      Fiz bem voltar, porque vim plena de passado e presente e louca por voltar futuramente. São as minhas raízes e desta vez vi tudo belo, senti que o meu coração se alegrou... Com tudo...
      Bjs
      Lurdes

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  2. Olá Lurdes,....

    Que bonito escrever sobre a terra natal e, sentir o amor por ela.
    Eu costumo dizer, por piada, que não tenho terra porque sou de Lisboa... é bom ter uma terra para sentir o que se sente quando estamos longe dela no dia a dia...
    O mais parecido com essa sensação, calculo..., é a sensação de revisitar terras que percorremos na nossa juventude, em tempos de férias grandes do liceu, que no meu caso é um sítio chamado Serra d'El-Rei... entre Peniche e Óbidos... mas é raro ir lá... foi aí que os meus avós tiveram uma casa e eu, dos 6 anos até me casar, passava aí bons tempos, ainda que quase sempre sozinho.
    Sempre que leio os teus textos volto a ter uma vontade incrivel em escrever...
    Um dia também vou relatar esses tempos, os tempos em que ouvia discos em vinil em gira-discos portátil (coisa que só quem tem a minha idade é que sabe o que é...), escrevia cartas para os amigos e amigas..., passava tardes inteiras enfiado no quarto e mesmo assim relenbro esses dias com saudade...
    Grande beijo e abraço para ti minha amiga...
    PQ

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    1. Obrigada Pedro.
      Que bom estares aqui. Já não te vejo à imenso tempo, e já não escreves também há muito tempo...
      Este teu comentário está lindo, pois como te compreendo, sabes também tinha discos de vinil, e um gira-discos portátil... Parece que estou a ver a agulha cheia de cotão... Lá ia com aquele pincelinho e uma esponja de veludo, para limpar os discos... Singles e Lps.
      Também me lembro das cartas aos amigos e amigas, mas ás vezes havia confusão para o meu lado, as minhas cartas eram apanhadas.
      Aguardo as tuas histórias, tenho tanta vontade das ler... Por isso não te esqueças que estou aqui à espera.
      Já tenho saudades tuas... Muitas saudades...
      Um gd beijo e boas férias
      Lurdes JC
      Aguardo as tuas histórias

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    2. Hoje escrevi um texto...
      Foste tu a responsável, sempre que leio um texto teu sinto uma vontade incrivel de escrever...
      Estou feliz por tê-lo feito, estou feliz por este dia 13 ter sido também dia da nossa amiga Olinda também ter editado um texto, praticamente há mesma hora do meu, com apenas por alguns minutos de diferença...
      E teres sido tu a responsável pelos dois textos... o meu e o dela... não há palavras.
      Grande beijo para ti, Lurdes.
      Temos que nos reencontrar... num ambiente diferente, não como paciente e terapeuta.

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    3. O teu texto está lindo...
      Obrigada. Pelos vistos fui responsável e não sabia. Como podia saber :)
      Comentei directamente no teu blog. Claro que reencontramos, estou desejosa...
      Quando apostas no facebook? LOL
      Bjinho gd
      Desta tua amiga
      Lurdes JC

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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