A minha essência tem cor... Descobri há bem pouco tempo, que se apagava aos poucos... Resolvi conversar com ela, senti-la e pedir-lhe se me ajudava... Não me respondeu. Fiquei triste... Continuei triste... ela ria-se, ria-se... Não me ajudas! Não me respondes!
Já um pouco no seu extremo, disse-me: Já me sentiste? Já? Se me sentires e deixares de me ouvir... Escutarás a voz do coração... Ela tem razão, muita razão... Vou entregar-me à emoção...
Ouvem-se gritos Acordo... Não me sentia adormecida Como tenho andado distante! Tão distante da realidade da vida Nem noto o quanto ando adormecida É preciso gritarem!!! Abro os olhos e... Não está ninguém Ninguém... Os egos estabilizaram Ficaram adormecidos O meu desactivou-se por um instante Que pena... um instante Tenho que agradecer Porque nunca o tinha desactivado Vivia acomodado dentro de mim Soltou-se Que bom! Desapegou-se de mim Deixei do alimentar Como nunca reparei Era como uma mãe para ele Adorava tê-lo dependente de mim Dava-me jeito Sempre me deram jeito estas situações Ou desapego para toda a vida Ou apego-me para sempre... Sem instantes Cada instante agora É... um desapego. Comodismo Auto-convenço-me da minha transformação Interna De que forma me deixo iludir! Não quero viver mais na ilusão Não... O ego está aqui Faz parte de mim Adoro-o Protego-o Não o deixo crescer... É um filho que alimento Aquele que nunca quis ter Por isso hoje sei o que é sofrer Porque te perdi... Ego... Chegou o momento de te deixar ir... Vai... Não precisas do meu amparo... Já não precisas de mim.
Um rasgo de luz Uma inquietação Percorro ruas Estradas desertas Procuro sentir emoção Perdida da razão Vou... Caminho... Por entre a escuridão da noite Reago à solidão Como se voltasse a ser. Por onde passo Ficam rasgos de mim De tudo onde me perdi Para me encontrar. Olho o céu Contemplo-o Abraço-o Imagino a lua cheia Entra em mim Alquimia perfeita Dirige-se ao meu coração Ocupa o seu espaço Respiro profundamente Sinto o além êxtase Alegria Liberdade A lua transforma-se em sol Aquece-me Protege-me Para voltar a sentir A libertação de um coração Que afinal me pertence...
Tomei uma decisão, um pouco difícil, mas acho que poderei enquadrá-la numa decisão da alma.
Vivo numa prisão há alguns anos, uma prisão onde as grades são de vidro e no fundo não se vêm, sentem-se mas não incomodam. A prisão não tem limitações de espaço e eu criei as não limitações do tempo. Um erro, o maior erro que poderia ter cometido, mas que me serviu de aprendizagem. Que bonita aquela vida, sem grandes intromissões, a amar por amar, não ter o objecto que amava, mas apenas sentir a sua presença. Tão lindo, tão evoluído, tão independente. A alegria era tão forte, que a expressava fortemente na minha voz, na minha garra, na minha entrega a tudo e a todos.
Tens uma força incrível, és invencível, claro fechada naquele escudo de vidro.
O mais estranho é que sempre procurava, procurava algo, e só o fazia de certo por insatisfação. Tudo aparentemente acontecia da melhor forma, com um conforto, que aos poucos instaurava um desconforto, que pouco me importava. Isto era o que o meu querido ego imaginava, ás vezes tem o tamanho do mundo, mas a sorte dele foi estar fechado naquela cúpula de vidro, senão teria-se esticado, esticado, e se calhar já nem estaria aqui a escrever.
A prisão era segura, bonita, tinha tudo, só lhe faltava o principal, o amor, a entrega ao outro, a confiança e o mais importante a fragilidade. Nunca chorei externamente, mas internamente sofri, sofri vezes sem conta, e sempre a pensar que era merecido. Se não conseguia amar verdadeiramente, se o ser amado nunca existiu, porque nunca se mostrou, fui eu que me iludi, porque continuei ali tantos anos? Pelo menos sete anos.
Estava disposta a continuar, mas a minha alma entristecia de dia para dia, o meu olhar estava baço, e não conseguia saber quem verdadeiramente era. Voltei a ter vontade de partir, para o outro lado, ser empurrada para o abismo. Só que nessa prisão de vidro, existe uma protecção tão alta, tão alta, tão luminosa que nunca me cortou a conexão com a minha outra metade. Antes pelo contrário, fez-me sentido, porque dei por mim a trabalhar a minha essência, e por isso aqui estou. Pronta para mais desafios, para mais diálogos, que espero poder calar o meu lado mais violento, mais negro, porque na verdade eu quero viver uma vida que é para mim. A vida que é pra mim, depende das minhas escolhas, e pode não ser uma vida de descanso, rica, etc. Se aceitar tudo o que vier, deve pelo menos ser merecido. Acredito numa força, que me guia e orienta, e graças a ela tenho tido tantas ajudas. Infelizmente não consigo continuar a escrever, porque o choque que sinto, não me deixa continuar por agora.
Liberdade de sermos Vivermos Transformar-mo-nos Voltarmos A Reviver a felicidade De soltar o que de melhor existe em nós... Coração... Não te desgastes! SOMOS LIVRES... Emociona-te e vibra plenamente Na sintonia do Universo...
Batem sons na rua Protestam olhares sombrios Refinam imagens passadas Ando vagabundo por ser Por chegar ao fim No meio de tanta dor Consigo alcançar o sol Que nasceu em ti Refeita da viagem Que nunca existiu Faz parte do passado Do mágico que morreu. Uma mão acena no vazio A Mente mente por fim Ilusão óptica talvez São sombras intensas Que se confundem E se diluem no ar da rua. Deserta agora. Ando sem ver Sem alcançar o dia Estou feliz por estar No fundo do Coração Perdido do Universo Pedaços de pó Sem razão…
Não ponhas o pé aí Podes magoar o ritmo do teu caminho Não sonhes que o sentes Porque sentir é ter algo mais Talvez um sentido Ou dois Que importa o que tenho Senão piso por aí As tempestades aproximam-se Tenho receio por ter Também ando por andar Qual a diferença A rua é outra O ser é a mesmo Pois é! Se ao menos pudesse iluminar o meu horizonte E olhar o céu O mar O chão Mas não posso Porque tenho medo Receio não ter forças Vergo-me perante a consciência do Mundo Devia erguer os olhos e ver Que tudo está perdido Quando não nos encontramos Quando não sabemos o que somos Quem somos Pára! És tu! Sim. Não te rias Porque se puseres o pé aí E olhares para ti Podes sentir o sonho de partir ou ficar Dentro de ti. E deixa de te pisares assim.